Ele sonha em laçar o Sol
e por debaixo do colchão
que é pra aquecer as noites frias
que congelaram seu coração
Ela sonha em cruzar o mar
com o seu vestido branco e de véu
no leve remanso das ondas
no seu barquinho de papel
No outro dia ele acordou bem cedo
deu um trago em seu vinho e saiu
fitou com seus olhos o monte
rumou para o norte e sumiu
De manhã flores ela colheu
Foi a beira do abismo e sorriu
Abriu os braços, gritou seus desejos
escritos no vento em cordel
e um dos Deuses prevendo o destino
Lança uma chuva que rompia o céu
De repente em meio a floresta
perdido ele se viu
e dentro de uma caverna
ouviu um som suave e sútil
Então ela seguiu seu caminho
De baixo da chuva e com frio
Os ventos sopravam bem forte
e os seus pés descalços no chão
Tremia o seu corpo inteiro
Mas seguia o seu coração.
"Um Deus morrendo de inveja
Vivia cheio de ódio e terror e...
No mais vasto labirinto
levou a jovem e soltou"
Ele andando dentro da caverna
Foi soltando aos poucos um fio
E puxando a medida que ia
seguindo o som que ouviu
Ela perdida e com medo
correu por toda direção
sem saber por onde seguia
perdida em meio a escuridão
Então numa sala de pedra
os dois juntos foram parar
e se depararam com o minotauro
que tocava uma flauta ao chorar
Ele então arrancou seu machado
e atacou o jovem sem pensar
que se esquivou bem depressa
e puxou então seu punhal
E o enterrou no peito do monstro
que morreu no mesmo local
"E como estava escrito
Os saíram juntos sem temor
e se casaram e seguiram
com os seus sonhos de amor.!"
Então ele encontrou o seu Sol
E deitou ao seu lado no colchão
e se esqueceu das noites frias
que congelavam o seu coração
Então juntos cruzaram o mar
Ela de branco e de véu
casaram no remanso das ondas
em seu barquinho de papel!
Texto: Siro Murta Borém
Fotografia: Siro Murta Borém